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O lançamento do reprodutor de mídiasAdobe Media Player

Por Frederick Montero

Data de Publicação: 17 de Abril de 2008

Ano passado imaginei que 2008 seria o ano do entretenimento digital, com uma série de lançamentos fantásticos que ajudariam a integrar diferentes meios de reprodução de vídeo e áudio, além de serviços que ofereceriam séries, filmes e programas de televisão através da internet, com uma boa qualidade e sob demanda. Mas além da renovação do AppleTV, o ano de 2008 foi se mostrando um pouco frustrante, já que muitas promessas não se concretizaram e ficaram apenas nas promessas mesmo.

Porém semana passada, a Adobe lançou um programa de reprodução de vídeos chamado Adobe Media Player. O programa proporcionará acesso a uma galeria de vídeos de diversos canais de televisão americanos hospedados no site da Adobe, com direito à reprodução online (via streaming) ou offline (download). A intenção da Adobe é se posicionar como um veículo para a visualização de conteúdo com propagandas através da internet, no estilo do Joost, e não como um concorrente do iTunes (que funciona mais como loja e gerenciador de mídias entre diferentes equipamentos). Apesar de nos primeiros testes que realizei o programa se mostrar ainda engatinhando no mundo do entretenimento digital, a iniciativa da Adobe não é de se menosprezar, devido à força que a empresa tem em diversas áreas de produção audiovisual e de manipulação de imagens. O grande desafio que ela enfrentará é mostrar que existe uma demanda para assistir programas de televisão com comerciais através da internet, na forma de TVoIP (TV over IP), já que outras empresas tentaram sem muito sucesso navegar através destes mares sem muito sucesso.

Ainda que seja muito cedo para definir se a estratégia da Adobe permitirá que ela escape do nicho no qual ela estava restrita (na publicação de vídeos em páginas na internet), ao menos podemos comemorar a chegada de mais um personagem de peso entre os programas de reprodução de mídia digital e também o fato de aos poucos alguns padrões começarem a se definir. O principal padrão que começa a se consolidar no mercado de modo definitivo é o MPEG-4/H.264, com a sua adoção como um dos poucos formatos de vídeo suportados no Adobe Media Player. Gradativamente, desfaz-se a confusão geral causada pela proliferação incessante de formatos de vídeo provenientes de inúmeras empresas concorrendo por uma fatia de mercado, o que muito facilitará a vida dos internautas e dos webdesigners.

Eu me pergunto se isso não ajudará no longo prazo a fortalecer o trio iPod/iPhone, programa iTunes e loja iTunes definitivamente no mercado, já que os possíveis concorrentes optam por uma adoção incondicional dos formatos preferenciais dessa tríade. Ao que parece, sim. Já que muitas empresas e desenvolvedores aceitam como definitiva a supremacia do iPod e iPhone. É o caso da NetBlender, que na mesma semana do lançamento do Adobe Media Player, apresentou um kit de desenvolvimento que permite integrar o conteúdo dos discos Blu-Rays com os iPhones. Através deste kit, programadores poderão criar programas específicos para o iPhone que permitirão aos usuários controlar o Blu-Ray pelo aparelho, transferir versões adaptadas dos filmes para o celular e até consultar as informações sobre os filmes que vão assistir, como elenco e músicas. Quanto mais o ecossistema iTunes/iPod é adotado em massa pelo público, mais os desenvolvedores se vêem compelidos a adaptar seus programas ao sistema, gerando um moto-contínuo que leva ao predomínio integral de uma solução tecnológica.

A solução muitas vezes para escapar desta armadilha reside na criação de um modelo paralelo que aposte no enriquecimento da experiência primária do expectador. Ou seja, se o espectador acreditar que o serviço ou produto é mais fácil de usar e sem grandes problemas, há grandes chances que ele venha a utilizá-los com certa constância. A aposta da Adobe caminha nesta direção, ainda que possamos criticar diversos aspectos do seu programa de media player, principalmente em se tratando de lentidão do programa. Mas no geral, neste momento parece-me que ela está experimentando a temperatura da água para então, com as respostas e comentários dos usuários, poder aperfeiçoar o sistema, aos poucos.

Sobre o autor

Frederick Montero, diretor, produtor e editor de vídeo. Formado em Filosofia pela Unicamp, é diretor do vídeo Supermegalooping, premiado no Primeiro Festival de Vídeos pela Internet. Mantém o blog sobre mídias digitais d1Tempo Digital.


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