você está aqui: Home  → Coluna do Cesar Brod

De acordo com as Leis 12.965/2014 e 13.709/2018, que regulam o uso da Internet e o tratamento de dados pessoais no Brasil, ao me inscrever na newsletter do portal DICAS-L, autorizo o envio de notificações por e-mail ou outros meios e declaro estar ciente e concordar com seus Termos de Uso e Política de Privacidade.


Scrum - A incrível história da convergência dos History Points

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 20 de Setembro de 2014

Lembrando a todos! Meu curso de Scrum, em parceria com o IDPH, acontece nos dias 13 e 14 de outubro de 2014. Confira nesse link

Trabalho com Scrum desde o início dos anos 2000 e procuro manter-me atualizado com as publicações de outros agilistas e os vários livros que são publicados sobre o assunto. Em meu artigo anterior, contei um pouco sobre a adoção do Scrum na Sysvale.

Há coisas sobre as quais é meio complicado de escrever. Elas são um tanto quanto metafísicas. Mas, o Jeff Sutherland abriu um pouco esse caminho ao falar do amor como um dos valores do Scrum e do Ba, o Zen do Scrum, que ele define como o contexto compartilhado: pessoas, tempo, lugar, conteúdo - onde o conhecimento, como um fluxo de significado, emerge! Tá tudo lá na apresentação dele, As Raízes do Scrum.

Em 2005 Mike Cohn lançou seu livro Agile Estimating and Planning. Foi mais ou menos nessa época em que traduzi a apresentação do Mike sobre o Scrum para o português. Foi através desse livro que me aprofundei, pela primeira vez, na estimativa de um trabalho de desenvolvimento em History Points (Pontos de Histórias).

Para pontuar algo que vamos desenvolver nós temos que admitir que somos péssimos em estabelecer valores absolutos para o esforço de desenvolvimento, mas somos ótimos em estabelecer valores relativos. É só considerar questões banais de nossa vida para entender isso. Quem sabe dizer, ao olhar para uma pessoa, qual é a sua altura e seu peso? Agora, coloca uma pessoa do lado da outra e diz qual é a mais alta e a mais pesada. Ou então, pensa numa pessoa conhecida e diz se ela é mais alta ou mais pesada que a primeira pessoa que passar por você agora.

Quando pontuamos histórias de desenvolvimento é muito comum que possamos compará-las com outras histórias que já desenvolvemos e inferir se o esforço nesse novo desenvolvimento será maior ou menor. Mas como medir esse esforço? No capítulo 6 do livro do Mike ele diz que a melhor maneira que encontrou para fazer isso foi o Poker do Planejamento. Confiei no Mike e comecei a adotar essa metodologia desde então.

As cartas do Poker do Planejamento derivam da sequência de Fibonacci: os números 0, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, além do símbolo do infinito (o oito deitado), a interrogação (?) e o cafezinho. Outras pessoas podem usar números além do 21. Em minha prática, eu uso a carta de número zero para representar histórias que devem estar na Sprint mas que, de fato, representam muito pouco esforço: conferir se um backup rodou, agendar uma reunião. A interrogação é usada para dizer que eu não tenho condições de opinar sobre uma determinada história. O símbolo do infinito indica que penso que a história é um épico que precisa ser dividido em histórias menores para ser pontuada e o cafezinho indica que quero uma pausa porque já não consigo mais pensar. Os outros números, efetivamente, representam o esforço a ser empregado no desenvolvimento de cada história.

Há quem goste de fazer a "calibragem" inicial dos pontos. Dentre as histórias a serem desenvolvidas, a equipe concorda em eleger a mais fácil e atribui para ela um ponto. A mais difícil ganha a carta mais alta (no meu caso, 21) e as demais são pontuadas, de forma relativa, a partir desses pontos de calibragem. Eu prefiro não fazer calibragem nenhuma e deixar que a equipe convirja, naturalmente, na sua atribuição de pontos. E é justamente aí que a mágica acontece!

Costumo brincar que existe um deus do Scrum, que faz com que, uma vez seguidos os ritos e respeitados os papéis e artefatos, algum elemento mágico faz com que as mentes das pessoas da equipe comportem-se como uma entidade única. É incrível como, ao final de poucas Sprints, as histórias começam a ser pontuadas de forma coerente e a velocidade de entregas da equipe se fixa em algum número entre 50 e 100 pontos de histórias.

Eu acho que isso tem a ver com a sequência de Fibonacci. Ela aparece em tantos elementos da natureza (a forma como os galhos se arranjam em uma árvore e as folhas nesses galhos, a forma espiral de uma folha de samambaia que se desenrola, a árvore genealógica das abelhas de mel...) e também quando se estudam fatores influenciados por grupos humanos (como a valorização de ações nas bolsas). Ou seja, de alguma maneira, a sequência de Fibonacci ajuda a sintonizar as mentes da equipe na pontuação das histórias. Se você duvida, experimenta!

Tem umas cartas para você começar a planejar nesse link.

Nesse site dá pra juntar a equipe para estimativas online.

Procura por Scrum Poker na Play Store que lá também tem convenientes baralhos para o planejamento usando seu smartphone.

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

Mais sobre o Cesar Brod: [ Linkedin ] | [ Twitter ] | [ Tumblr ].

Veja a relação completa dos artigos de Cesar Brod