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TV

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 14 de Abril de 2011

Mudei-me com minha família para São Paulo em 1971. Vomitei a viagem inteira. Eu era o clássico guri pentelho e mudei muito pouco, se é que mudei, de lá pra cá. Lembro que eu esperava ver o rio Tietê, um arroíto de merda. De merda mesmo! Todo o esgoto de São Paulo parecia parar ali.

Alguns anos antes da mudança eu tive hepatite. Como eu tinha que ficar em repouso meus pais compraram uma TV. Ela viajou junto para São Paulo. Foi por causa dela que virei fã do The Doors. Jim Morrisson morreu em 1971 e a TV falava muito sobre isso. Foi quando apaixonei-me pela Márcia, da TV Globinho. Acho que foi minha primeira paixão platônica de uma longa série.

O bom do amor platônico é justamente isso: ser platônico. Eu até me pergunto se Platão chegou a definir o amor platônico. Acho que não. Mas a minha definição de amor platônico é assim: tu olha a guria e te apaixona; constrói casa; compra roupas pra ela; emprenha a guria inúmeras vezes e ela nem fica sabendo porquê tá lendo alguma coisa do Platão. Aí tu mostra: cá está teu filho! E ela sai correndo em disparada.

No fim das contas, todo o amor é platônico mesmo. A gente idealiza, escreve todo um script para a pessoa amada, mas ninguém para para ler o roteiro em conjunto. Eu sempre quis usar a palavra para duas vezes sem usar o acento!

Alguém me disse, acho que foi o Franklin Carvalho, afilhado do Malba Tahan, que a gente só se apaixona duas vezes na vida: uma por si próprio e a outra pra dar errado. Eu espero que ele esteja muito errado e que eu seja apenas um a mais na absurda conclusão do seu raciocínio.

Meu amor pela Márcia deu muito errado e ela sequer sabe disso. Nossos filhos imaginários sofreram muito mas, na época, deram o maior apoio! Todos estão formados, um deles é capitão da Frota Estelar.

A TV que viajou para São Paulo testemunhou que eu não repousei durante a hepatite. Eu e minha irmã pulávamos, dançando na cama, com as aventuras do Patrulheiro Rodoviário e seu fiel companheiro Lobo!

É por culpa da TV que eu acredito em amor e duvido de qualquer doença.

Leitores! Estreou Mulher de Fases na HBO e o primeiro capítulo, ao menos até a publicação deste texto, está disponível aqui

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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