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Futebol e tecnologia (ou nem tanto...)

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 18 de Junho de 2007

Em julho de 2005 fiz a palestra de abertura do V SDSL - Seminário de Desenvolvimento de Software Livre. A palestra era um exercício de futurologia, e eu a iniciava anunciando aos participantes a abertura do XI SDSL, no ano de 2008. Talvez em função do frio excessivo em São Leopoldo, minhas bolas de cristal (vocês já sabem, são duas, uma é backup) falharam miseravelmente justamente na previsão principal: a de que teríamos outros SDSL! Mas isto é história para outro artigo...

Uma das previsões que eu fazia em minha palestra era a de que a Nike, a iRobot e a ESPN investiam em uma "bola inteligente" a ser testada a partir da Copa do Mundo de 2006, mas que seria proposta oficialmente para a FIFA na Copa de 2010. A bola seria composta de um polímero semi-transparente, permitindo que múltiplas câmeras internas transmitissem a um centro de controle e mesmo às emissoras de TV a "visão da bola" durante o jogo. Seria possível ver tanto o ângulo do chute, com a aproximação do pé do jogador, como a visão das mãos do goleiro, agarrando a bola ou não. Um conjunto de sensores determinaria a força do chute e a velocidade da bola. Cálculos de tempo de bola em jogo e outros seriam extremamente facilitados.

Qual não foi a minha surpresa ao ler, em outubro de 2005, uma notícia na Infoworld anunciando uma bola desenvolvida pela Adidas-Salomon, Cairos Technologies e o Fraunhofer Institute. A idéia tinha uma implementação mais simples do que minha previsão, mas ainda assim permitiria a certeza de que a bola entrou no gol ou não em casos onde a visualização da jogada poderia dar margem a dúvidas.

Agora, cá pra nós, nem precisa tanta tecnologia para comprovar que o primeiro gol do Boca Juniors contra o glorioso Grêmio na última quarta-feira, dia 13 de junho, foi completamente irregular, com três jogadores impedidos! Tá lá no Youtube! Um gol assim, irregular, no início do jogo, abala a fé na arbitragem, desestimula os jogadores, revolta a torcida e, com certeza, influenciou no resultado. Tanto em termos práticos, pois fosse anulado, iríamos ao Olímpico no dia 20 de junho tendo que vencer do Boca por uma diferença de "apenas" três gols, como em termos mais subjetivos. Afinal, fosse o gol anulado, será que o Grêmio não teria mais estímulo e moral para já ter vencido aquela primeira partida pela final da Libertadores? Vai saber!

A questão é que a evolução de qualquer tecnologia tem que estar em sintonia com sua utilização prática. Já ouvi dizer que o excesso de tecnologia tiraria a "magia" do futebol. Pode até ser, mas convenhamos então que a regra do impedimento é absurda! Afinal, todo mundo, que assiste a um jogo pela TV, tem muito mais condições de avaliar se um jogador está impedido ou não do que o juiz e seus bandeirinhas.

O futebol, assim como qualquer esporte, serve para a base do desenvolvimento tecnológico que nos permite uma vida melhor, mais segura. A Fórmula 1 e seus avanços no uso de combustíveis, lubrificantes, na criação de carros cada vez mais velozes e seguros, é um bom exemplo disto. As maratonas, certamente, são co-responsáveis por termos calçados mais confortáveis. A tecnologia não dever poluir a "magia" dos esportes, mas em alguns momentos, pode fazê-los voltar a uma base de regras que estejam de acordo com o senso comum.

Voltando ao caso do impedimento, que se permita ao juiz verificar, em um "replay" imediato, uma situação duvidosa e, assim, agir corretamente, ou que se elimine esta regra. No mínimo, veremos mais gols em nossos campeonatos.

Um abraço para o Mário José de Souza, que (ao menos eu saiba) foi o primeiro a vir com a idéia da bola inteligente, lá por 1993.

E força ao Grêmio! Sempre!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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