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Kleiton e Kledir

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 06 de Junho de 2007

Quem conhece algum gaúcho, qualquer um, sabe que somos uma embaixada portátil do Continente de São Pedro. Com orgulho, mas sem muita pompa, carregamos nossa cuia, bomba e garrafa térmica por todos os cantos do Brasil e do mundo! Na casa de um gaúcho não pode faltar uma churrasqueira. Muita gente que vem para estas nossas bandas acha o máximo encontrar, mesmo nos menores apartamentos, a dita cuja. Qualquer cidade pampeana, aos sábados e domingos, tem cheiro de churrasco. Gaúchos expatriados acabam inventando churrasqueiras alternativas, que vão desde um empilhado de tijolos até a um meio tonel daqueles de combustível.

Mudei-me para São Paulo, pela primeira vez, em 1971. Como todo o bom gaúcho, mesmo antes de sair do Rio Grande eu já fazia planos de voltar - o que eu fazia em todas as minhas férias da escola, até mudar-me efetivamente, por duas definitivas vezes, para cá. Meio cedo aprendi que as mulheres gostam de um sotaque diferente. Assim, eu cultivava o meu sotaque gaúcho em São Paulo e, nas minhas férias, caprichava em um paulistês aqui no Sul. Acabei, obviamente, casando com uma "Morena de São Paulo", como na música de Kleiton e Kledir.

Fizemos da nossa casa, em São Paulo, uma filial dos pampas. Ouvíamos muita música gaúcha, desde as mais tradicionais até a vertente mais urbana que começou a se destacar no centro do país, especialmente, através do "Almôndegas". O "Almôndegas" era formado por uma gurizada de Pelotas, da qual fazia parte a dupla Kleiton e Kledir. Em 1979, a dupla concorreu com a música "Maria Fumaça" no festival da extinta TV Tupi. Não ganhou o festival mas ganhou o coração de todo o Brasil. Lembro que a cada show que assistíamos, o Tuca, teatro da PUC em São Paulo, virava um CTG (Centro de Tradições Gaúchas). Por volta de 1986, os irmãos Kleiton e Kledir resolveram dar um tempo, experimentaram individualmente sua musicalidade, gravaram trabalhos solo e dez anos depois voltaram. Nesta época, eu estava, de novo, morando em São Paulo e arquitetando, de novo, uma volta para o Sul. Fomos assistir a um show da dupla e, desta vez a conversa no camarim estendeu-se um pouco mais. Comentamos que havíamos usado versos do Vitor Ramil (mais um irmão de Kleiton e Kledir) em nosso convite de casamento, fato que a dupla lembrava e aí, conversa vai, conversa vem, acabei virando aluno de violão do Kleiton. As aulas eram inicialmente pela Internet e depois acabaram tornando-se também presenciais, na casa dele, na minha, e até no Laranjal, em Pelotas.

Um dia, na casa do Kleiton, enquanto tocávamos violão, alguém toca à campainha. O Kleiton vai atender e logo volta para a sala de música, dizendo: "Tem um fã teu aqui que quer conversar contigo!". Sim, era o Kledir. Tomamos um chimarrão, tocamos violão, cantamos e acabamos esboçando a primeira página da dupla. Inicialmente, ela ficava em um subdiretório de um provedor de acesso do qual eu era sócio, mas no ano seguinte, em setembro de 1998, registramos o domínio próprio. No início, eu mesmo cuidava da página, com alguma ajuda de meus irmãos (a Maria Cecília digitava as letras de músicas e o Rodrigo deu uma mão no leiaute). Na época, eram muito poucos os artistas a terem uma presença na web e nós nos divertíamos colocando na InterneTCHÊ um montão de coisas que hoje são absurdamente comuns. Dentre elas, a busca de músicas através de palavras-chave, "hotsites" para lançamento de discos e outros momentos especiais, e até uma "loja virtual", que consistia em um formulário que gerava um e-Mail para mim e para a Branca (mais uma irmã Ramil), que entrava em contato com o "comprador" e combinava a entrega e a forma de pagamento.

A experiência com a página da dupla acabou por solidificar uma amizade muito bonita. Com o tempo, não tive mais como tocar a página em função do acúmulo de outras atividades. Nas mãos de outros profissionais talentosos, porém, ela seguiu crescendo e ficando cada vez melhor. Eu talvez nem lembrasse de tudo isto agora, não fosse a bonita homenagem que o Kledir Ramil fez em sua coluna no site O Fuxico, contando ainda mais coisas sobre o site da dupla que agora está hospedado no UOL.

Deu uma saudade bacana, daquelas bem boas que a gente sabe que mata e carneia a cada reencontro! O legal é que o UOL ainda manteve as páginas antigas armazenadas. Assim, mesmo que elas não estejam "linkadas" na página principal, os mecanismos de busca são capazes de encontrá-las. Abaixo, algumas interessantes:

O histórico com a evolução da página da dupla, direto do túnel do tempo! Matéria da revista Backstage com a Dupla, quando da gravação do CD Clássicos do Sul. Uma entrevista de Kleiton e Kledir concedida a alunos de uma escola de Ribeirão Preto em 1999. Galeria de vídeos da dupla. Isto foi um acontecimento na época! Muito antes do Youtube!

Um grande abraço para a família Ramil e para o Dudu Trentin, grande tecladista, arranjador e produtor musical de Kleiton e Kledir. Também tive minha parcela de culpa na primeira página do Dudu!

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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