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E Sisyphus está quase lá...

Por Jefferson Wanderley dos Santos

Data de Publicação: 29 de Agosto de 2016

Breves considerações sobre a qualidade da informação midiática.

Uma realidade importante para nós, sobretudo gestores, é a capacidade de se enxergar a realidade além do que a mídia e os meios de comunicação disponibilizam. A capacidade de decisão sobre um projeto ou atividade importante, sobretudo sob um ambiente socioeconômico de alta complexidade, o líder tem que se esforçar em buscar informações fidedignas para consolidar conhecimento e formar um juízo sobre uma realidade sobre a qual o peso da decisão pode interferir, sobremaneira, nas atividades dos demais setores.

A argumentação que segue é um efêmero esforço na dificuldade que atualmente encontro para entender os nossos destinos econômicos para o próximo biênio.

Certa feita durante uma entrevista para ascender a comandante na empresa onde voava helicóptero offshore, a psicóloga começou a me fazer perguntas introdutórias sobre a realidade. Iniciou, acreditem ou não, pedindo opinião sobre duas personagens da novela das oito que eu não fazia a menor ideia de quem eram. Prosseguiu perguntando sobre nome do prefeito de Macaé, que desconhecia, depois sobre a questão da troca de nome da ponte Rio-Niterói e por aí foi.

Antes que ela prosseguisse a perguntar sobre futebol disparei: "Doutora, eu não faço a menor ideia desses assuntos. Numa boa, não estou brincando: eu desconheço. Ante seu espanto ela observou que era um requisito para ascender a comandante (não sei se era verdade, tampouco me importava) era estar a par das notícias do dia a dia. E disparou: Com que frequência o senhor lê os jornais? Apenas os "leads" dos principais jornais na internet e depois pulo para editoriais e opiniões. Não leio o caderno de política, somente o de Economia e Mundo. Ao que ela retrucou: O senhor acha isso correto? Ao que lhe respondi: A senhora acha que o petróleo que ajudamos a extrair dessa bacia vai para onde? Ante os motivos ao mencionar automóveis eu lhe disse que ela estava errada e perguntei o motivo. Ela desconhecia que nossa gasolina era importada e que o petróleo extraído da Bacia de Campos, em grande volume, na época iria para as usinas termelétricas.

Aí completei perguntando a opinião de Marina Silva, a eterna candidata à presidência sob a plataforma da preservação ambiental. Claro que ela desconhecia e ficou decepcionada ao lhe dizer que era um silencio sepulcral. Prossegui falando acerca de segurança pública e o motivo do explosivo e incontrolável crescimento dos imigrantes em Macaé RJ, onde tínhamos a base, instalados em uma grande favela na imediatamente antes da cabeceira de pouso principal e já com movimento de "tirar o aeroporto de lá" por causa do risco e do barulho dos helicópteros, por acaso a principal fonte do "Eldorado Macaense" (porque o timinho de lá é muito brejo!!) Perguntei-lhe a correlação com a política de meio-ambiente e o Código Florestal.

Bem, houve um desconforto e ela foi substituída pela que aplicou os testes para valer, ocasião que logrei êxito. Imagino-me da mesma forma agora, se tiver uma entrevista de emprego serei uma decepção para os entrevistadores, contudo se tiver oportunidade vou lhes perguntar assuntos de relevância que por não estarem sendo resolvidos a cada dia afundam e nos afastam cada vez mais da esperada recuperação da economia.

Bem, avançando no futuro e falando de meu dia a dia no calçadão de Boa Viagem onde cruzo com muitos conhecidos e, dos que se lembram de mim na ativa, procuram minha opinião sobretudo acerca do impeachment. Amigos, aviso: "Eu não faço ideia nem da roupa que Dilma está vestindo!! Não acompanho tampouco me interessa. Já avancei a madrugada acompanhando o impeachment de Collor e o país continua da mesma forma, agravado, contudo, pela irrefragável incompetência gerencial do PT após treze anos. É fato, não é ilação, é pura constatação. Também não acompanhei a abertura dos jogos olímpicos, nem o fechamento, nem a iniciativa nem a acabativa.

Estou preocupado com as dívidas que o Município do Rio quer terceirizar para o resto do país contribuir, devido a justificativa do sucesso nacional do evento onde "O Brasil ganhou com as olimpíadas?" Fala sério, as contas não param de crescer.

Então, amigos, estou pesquisando sobre ESP (Escola sem Partido - aliás acho que deveria ser a obrigação de todo pai e toda mãe nesse sorry country).

Estou querendo entender o motivo do deputado Maia anuir e engavetar CPI importantes para "pagar o apoio que recebeu" para ser eleito em um mandato tampão.

Estou preocupado em saber o que acontecerá pois as merrecas dos R$ 36 bilhões para a CPMF já autorizados à execução em dezembro do ano passado, à revelia da sociedade pois estamos no fim de agosto e o que permanecer irá TER QUE EXECUTAR por já estar no orçamento, até 31 de dezembro.

Bem, tem um motivo e impactos tarifários que tenho absoluta certeza de que quem está ligadíssimo na TV e rádio acompanhando o impeachment sabe o motivo para ensinar aos filhos. E, por fim, NENHUM partido, NENHUM partido, estar ajudando na redução dos índices das DRU, as desvinculações das receitas da União para ver se o que quem fica na próxima terça-feira, pode prosseguir SEM AUMENTAR IMPOSTOS!!

É isso que está me preocupando, o que prende minha atenção pela dificuldade de encontrar essas matérias na mídia. Só se fala de impeachment e de platitudes. Elas são cruciais porque em novembro o Congresso, da mesma forma sub-reptícia E após os resultados das urnas, irá aprovar para que a majoração de impostos EM 2017 ocorra de forma compensatória SEM TER QUE MEXER NAS DRU.

Amigos, sabem quantas vezes isso ocorre DESDE que a Constituição entrou em vigor e abriu espaço para a vinculação e engessamento do orçamento? Tirando o impeachment: TODOS OS ANOS!!

Em ordem de prioridade de atenção quem se importar em minhas sugestões seriam: Pressionar o parlamentar que elegeu para descumprir a determinação do partido e votar eliminando alguns entraves e liberar a DRU e estudar, com profundidade, ou ler o "Maquiavel Pedagogo" e lutar para evitar a ideologização do ensino ao longo do país, pois o futuro de nossa sociedade depende, e muito, disso.

E para piorar, vejo e ouço barbaridades nos jingles de campanha onde um circo de horrores se avizinha mês que entra. O desespero que dá é que, por mais um dolorosa dentre uma miríade de vezes, a mídia "olhos e ouvidos da sociedade" está nos forçando a olhar para Paris enquanto Mariana se afoga.

Enfim, vejo e sinto a esbaforida e pesada respiração de Sisyphus quase colocando a pedra no topo do morro, para em zero um de janeiro, disparar ladeira abaixo para não ser atropelado pela esmagadora rocha que ele, com muito suor, levou um ano empurrando ladeira acima.

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Simples e perfeito. Muito obrigado por compartilhar o conhecimento!

Sobre o autor

Jefferson Wanderley dos Santos atualmente é Professor, Consultor, Palestrante e Facilitador. Foi piloto militar e civil em mais de 15 aeronaves (aviões e helicópteros) de diferentes tipos e piloto offshore (SK-76C) na Líder Aviação. Possui, no total, mais de 5.000 horas de vôo. Possui ampla experiência em Planejamento Institucional com base em Avaliação de Cenários (organizacional e institucional: Brasil e América do Sul) atuando em treinamentos como orientador de diplomatas civis e militares no módulo Peace Operations Executive Seminar do Pearson Peacekeeping Centre no Interamerican Defense College em Washington - DC - USA e no módulo Large Scale Emergencies and Desasters Seminar também no Interamerican Defense College em Washington - DC - USA. Possui ampla experiência em Consultoria para organizações do Comando da Aeronáutica na área de Gestão Estratégica de Recursos Humanos. Proferiu palestras sobre Gestão de Recursos Humanos na Aeronáutica para militares dos países das três Américas e Caribe no 27º Comitê de Gestão de Recursos Humanos e Ensino em Winnipeg, Manitoba, Canadá.

Proferiu palestras sobre o Brasil e seus cenários social, político e econômicos para diplomatas civis e militares do Interamerican Defense College e National Defense University, ambos na cidade de Washington - DC - USA no ano de 2007; foi coordenador acadêmico no Interamerican Defense College, Washington- USA, 2007 a 2008; foi professor-chefe do Curso de Política e Estratégia Aeroespaciais na Universidade da Força Aérea RJ no ano de 2009; possui ampla experiência em Assessoramento e Avaliação de Processo Decisório para funções de assessoria, chefia e direção de organizações do Comando da Aeronáutica.

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