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Por Franklin Carvalho

Data de Publicação: 16 de Agosto de 2013

Naquele país que despreza todos os outros, em que a imensa maioria está lobotomizada pelas contínuas sessões de Cura Gay, sobrevivem ainda verdadeiras inteligências. Vou falar das que valem ser conhecidas, como o Luis von Ahn. Vi o vídeo de sua fantástica palestra do TEDxCMU.

Ahn começa mostrando uma imagem com palavras distorcidas e sem sentido, aquelas que aparecem quando preenchemos um formulário na Web antes do Submit, e pergunta à platéia quem já tinha passado por aquela coisa chata de ler e digitar os caracteres da imagem distorcida alguma vez. Todos levantam a mão e Ahn diz: Pois é, eu sou o inventor dessa coisa chata, o Captcha.

Excelente orador, Ahn cativa pela inteligência, pelo humor refinado, e discorre sobre o histórico de seu invento. O Captcha é uma solução criptográfica, que usa uma técnica conhecida por obscurecimento, para impedir que robôs ou computadores consigam capturar os caracteres deformados e rasgados por curvas exibidos no monitor através de soluções OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres). Foi como inventar o pãozinho de queijo em Minas, ou o chimarrão em Porto Alegre, sua solução para garantir segurança em transações online. Cita o Ticketmaster como caso de sucesso na utilização do Captcha.

Em seguida, Ahn fala sobre expandir o conceito do Captcha além do âmbito puramente defensivo e descreve o nascimento do ReCaptcha, o qual exibe caracteres em pares de palavras com nexo frequente, extraídas em escaneamento de livros. Ele diz que livros antigos, com 50 anos ou mais, apresentam tremendas dificuldades, como o esmaecimento da tinta e o amarelamento do papel, para o perfeito reconhecimento por softwares de OCR e que o acerto de interpretação das palavras girava em torno dos 30%. Sofrível resultado.

O ReCaptcha nasce da necessidade de aproveitar a inteligência humana no processo onde o OCR peca em obter a qualidade desejada, para relançar o Captcha como um trabalho massivo e producente. Milhões de Captchas são digitados todos os dias e a simples comparação entre palavras em que o OCR se confunde na interpretação de páginas, com a intervenção da inteligência humana e de algoritmos espertos, resultam na digitalização perfeita e a transcrição digital de milhares de obras em diversos idiomas. Ops! Diversos idiomas? Isso faz Ahn pensar ainda mais, coisa em que é mestre. Eureka! Minutos depois... Duolingo.

Ele prossegue o raciocínio da evolução do ReCaptcha e fala sobre estudar uma segunda língua o que representa um gasto de algo em torno de US$ 500,00 anuais, o que exclui 95% da população mundial. Assim nasce o Duolingo, que oferece aprendizado gratuito de línguas em troca do trabalho comunitário na tradução de livros. Visitem www.duolingo.com e confiram a notável capacidade de Ahn em entender e prover soluções que o mundo precisa. Ahn é um drone do bem, aquele que lança a "Bomba do Amor".

PS: sempre considerei o "rev" o comando mais inútil que já conheci, mas para entender o título de minha coluna... Vai Bruce Lee, seja como a água.

Sobre o autor

Sou Linux desde criancinha. Foi meu amigo Rodney, creio em 1998, que me botou no barco quando me deu um curso de um minuto e meio de VIM mostrando como entrar, editar, salvar e sair. Em seguida me apresentou o MAN dizendo: Te vira, tá tudo aí, dá um Q para sair e um mc para passear. Então virou as costas e foi embora. Anos depois meu grande amigo, o abominável Júlio das Neves, o Papai do Shell, me deu de presente um curso profissional de Shell Script em uma caverna do Afeganistão. Nesse meio tempo li o livro Unix Text Processing, igualmente marcante. Agradeço aos amigos Rodney, Júlio, Rodrigo, CelinhoPlace, Aurélio2txt, Henrique, Red Alexandre, Queiroz e família, os Brod, Lucas da Óxenti, Sulamita, Roxo, K_Helinho, Renato, Edson Perl, os 4Linux e também os Solis, o grande Mr. Lutkus, Orlando Nipo, e tantos outros que conheci através da finada Revista do Linux, empreita que tenho orgulho de ter participado. A lista é longa demais mas preciso dar um << EOF.

Trabalho com jornalismo de informática, direta e indiretamente, há anos. Fiz alguns prefácios de livros de amigos nos últimos anos os quais referencio como sendo o núcleo de uma organização clandestina a quem pessoalmente chamo de a "turma do MAN Salão". Punto, já falei demais. O resto, nem sob tortura.

Veja a relação completa dos artigos desta coluna