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A mente negou o que os olhos viram para que a boca não falasse

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 26 de Janeiro de 2011

Estamos próximos de mais uma eleição. Momento de escolha.

Não gosto do que vejo. Apatia, desinteresse, desconhecimento, falta de propósito.

Dos candidatos? Não, esses têm lá seus planos, quaisquer que sejam. Bons ou maus, que atendam o povo ou interesses próprios, mas me refiro ao nosso comportamento.

Poderíamos considerar que isso se dá por falta de exercício de escolha ou por falta de oportunidade para debates sobre política? Não depois de já termos voltado a votar.

Que tal reduzir a área em foco para debate? Nossa empresa, um mundo ao nosso alcance todos os dias. Questões que podemos resolver, dúvidas que podemos levantar, pontos de vista que podemos debater, decisões que podemos questionar, soluções que podemos sugerir, caminhos que podemos escolher.

Toda ação pode provocar uma reação contrária? Sim, afinal interesses podem ser divergentes. Muitos costumam ser.

Uma questão controversa deve ler levada a debate, afinal duas cabeças pensam melhor que uma. Havendo mais, melhor ainda.

É verdade, desde que a motivação para o debate não seja confundida com disposição para discussão e os projetos pessoais possam ser deixados de lado por alguns momentos.

Todos os dias, em todos os lugares, encontraremos situações carentes de soluções simples, mas que permanecem negligenciadas.

Ao se surpreender com esse fato e procurar encaminhá-lo você também tentará entender por que nada foi feito. É importante verificar se a solução que dará à questão já foi tentada. Isso facilitara seu trabalho, reduzirá o tempo e evitará que cometa o mesmo erro de outras pessoas.

Vai descobrir que em muitos casos o problema não está na sugestão ou no modelo proposto, mas no conforto da omissão. Solucionar problemas, normalmente, demanda questionar a ordem instalada, isso pode gerar oposição.

Já vi pessoas fabricarem peças erradas sabendo que o desenho que receberam não era correto. O intuito era prejudicar o desafeto que lhe enviou a ordem de serviço, infelizmente com desenho trocado.

Estive em reunião na qual o diretor comercial foi despedido devido os maus resultados e não apresentou qualquer plano, embora em sua gaveta tivesse um elaborado a quatro mãos. Fora voto vencido em grande parte dos debates na preparação do projeto, por isso não aceitava as soluções.

Pude ver o fracasso de um diretor financeiro que foi à uma reunião de planejamento na matriz, no exterior, sem levar seu material, por não ter se preparado, acreditando não teria que fazer a apresentação e sairia incólume. Foi enviado imediatamente de volta sem emprego.

Assisti um consultor perder seu contrato por causa de sua agressividade com a equipe de vendas em uma convenção, sem que pudesse sequer permanecer no local.

Interessante, se as pessoas são capazes de atos tão radicais, porque poucas são abertas ao debate, à reflexão e uma profunda averiguação da ordem instalada?

Ao questionar você poderá ouvir:- Não vou arrumar confusão, não gosto de discutir, não quero ficar mal com as pessoas, não vou arriscar minha carreira, entre tantas outras escusas.

A mania da acomodação faz com que as pessoas que questionam sejam vistas como encrenqueiras. Lembre-se que só quem dá valor ao que faz e que se importa realmente com o que ocorre à sua volta tem a disposição, ou coragem, se assim você preferir, de questionar.

Tudo o que acontece na sua empresa afetará sua vida, por isso é importante que você faça suas escolhas.

O mesmo ocorre no processo político, onde os candidatos, representantes do povo, precisam ser bem escolhidos, para que uma vez no exercício das suas funções tomem as decisões que você gostaria.

A vida é um exercício constante de comprometimento. Não dá para viver sob o lema "deixe como está para ver como é que fica" sem pagar um alto preço pela omissão.

Por que tantas coisas erradas e sabidas não são combatidas, ainda que informações tenham sido solicitadas?

Simplesmente por que nesses momentos a mente negou o que os olhos viram para que a boca não falasse.

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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