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Produto não é marca

Por Ivan Postigo

Data de Publicação: 03 de Janeiro de 2011

A evolução tecnológica deixou para trás as máquinas a vapor, as correias, as engrenagens e hoje se concentra nos chips.

É verdade que os aspectos mecânicos dificilmente serão descartados definitivamente, mas seu uso hoje é mais racional, os equipamentos estão menores, mais leves, mais práticos.

A troca do desenho de um vestuário, em um tear, que levava dez dias, faz-se em menos de dez minutos.

Podemos perguntar: - Os produtos hoje estão melhores?

Dá para responder sem hesitação: - Infinitamente.

Existem os defensores saudosistas, como o avô de um amigo, que afirma: - Não fabricam mais produtos como antigamente!

Ao mesmo tempo nos mostra algumas peças que restaram de um velho caminhão que já não existe mais.

Seu neto sempre o provoca: - Vô, como faço para descer a serra só com essas peças?

Há algum tempo, muitas empresas não têm mais fábricas, terceirizam tudo: No prédio vizinho e no outro lado do mundo.

A produção, feita aqui ou em uma empresa localizada a 20.000 quilômetros, mantêm qualidades equivalentes.

Que valor esses produtos teriam para o consumidor, o mesmo?

Sabe aquela afirmação irritante: - Depende? Pois é, neste caso depende!

Depende da importância que o consumidor atribuir a estes.

O que os diferençaria? Algo que cada dia ganha maior importância: A marca!

Marca atende sonhos, expectativas, integra pessoas a grupos, dá destaque, gera conforto psicológico, dá segurança, é objeto de desejo.

Ao estar abrigada por uma marca com prestígio, a qualidade física do bem raramente é questionada. Pressupõe-se que o detentor da marca jamais aceitaria ter sua qualidade questionada.

O sucesso de uma marca é gerado por inúmeros e inusitados fatores. Um fato, uma fala, um slogan, um acidente, uma imagem, um desejo, uma expectativa, não há receita definitiva.

É possível provocá-lo? Sim, alguns demoram mais que outros, mas sempre há meios.

Como diz um amigo: - Criar uma marca de sucesso é um negócio complexo, senão todos nós teríamos uma.

Quem tem um produto com qualidade precisa ter uma marca reconhecida?

Uma resposta rápida seria: Sim.

Poucas são as empresas que têm produtos sem concorrência no mercado, então a marca é o fator que os diferencia, que os investe de importância, lhes atribui valor.

O consumidor muda sua percepção de "quanto custa" para "quanto vale"!

Reconheço que para muitos empresários que primam pela qualidade de seus produtos vê-los sendo substituído por outros similares é difícil, mas essa é a dinâmica de mercado. Eles mesmos, se fizerem uma boa reflexão, verão que também agem por percepção e preferência.

Ainda que experimentem períodos de glória marcas também envelhecem e são substituídas.

Não raro, recebemos e-mails com apresentações saudosistas que nos lembram de produtos e marcas que já não existem mais.

Nesse sentido o mercado é cruel? Talvez não, apenas prático.

Há uma superprodução mundial sendo oferecida de norte a sul, de leste a oeste. Para os iguais prevalece o preço, para os que se destacam o valor.

A mais valia é o premio pela competência de sair do lugar comum.

Por essa razão há defensores da tese: "Torne a sua empresa obsoleta, antes que alguém o faça".

Temos que ter consciência que produto não é marca e mesmo esta deve representar algo na mente do consumidor para conduzi-lo a sua escolha.

Como gestor, sem dúvidas, você vai perguntar: - Devo, então, entender de produto ou de gente?

Entendendo de gente apresentará o produto correto. Simples não?

Akio Morita, co-fundador da Sony, dizia com propriedade: "Eu não atendo mercados, eu os crio".

O produto criado hoje terá amanhã inúmeros concorrentes, sua única garantia de destaque será a marca!

É fundamental entender que marca cria um espaço na mente e um lugar no coração.

Sobre o autor

Ivan PostigoIvan Postigo é economista, contador, pós-graduado em controladoria pela USP. Vivência em empresas nacionais, multinacionais americanas e européia de lingotamento de aço, equipamentos siderúrgicos, retroescavadeiras e tratores agrícolas, lentes e armações de óculos, equipamentos de medição de calor, pilhas alcalinas, vestuários, material esportivo, refrigerantes, ferramentas diamantadas , cerâmicas, bebidas quentes, plásticos reciclados, hotelaria e injeção de plásticos. Executivo nas áreas fabril, administrativa/financeira, marketing e vendas. Escreve artigos com foco nos aspectos econômicos e de gestão das empresas para jornais e revistas. Desenvolve consultoria e palestras nas áreas mercadológica, contábil/financeira e fabril. Autor do livro: Por que não? Técnicas para Estruturação de Carreira na área de Vendas.

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