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Por que voto Distrital se podemos ir direto para o Digital?

Por Carlos Nepomuceno

Data de Publicação: 14 de Setembro de 2011

Democracia 1.0: diga muito, mas não mude nada - Nepô - da safra 2011

Começa a aparecer por aí a campanha, inclusive de gente boa e consciente, de que o voto distrital é a saída para a democracia brasileira.

E outros, mais perversos, sugerem voto em lista, o que, em ambos os casos, ao invés de ampliar a representação vai piorar o quadro, pois vamos, até com boas intenções, fechar ainda mais o que nunca foi totalmente aberto.

Tenho acompanhado a série de artigos de Alberto Carlos de Almeida no Valor, estudioso da política, que afirmar que o "voto distrital é uma camisa de força que traz vários prejuízos para o sistema de representação".

Que tem sido utilizado em outros países, que nos leva necessariamente ao bi-partidarismo e que a proporção nas cadeiras do parlamento irá prejudicar fortemente pensamentos diferentes e minoritários.

É isso que queremos?

Ver mais sobre os riscos do voto distrital aqui.

Não podemos nos cegar.

O sistema de representação em todo o mundo terá uma forte mudança, que começa a mostrar a sua nova cara nesta década, a partir da possibilidade de desintermediação de poderes que a Internet permite, pois agora é possível:

  • debates em rede, do cidadão participando, desde casa, do trabalho, quando puder;
  • voto em rede, qualquer hora e qualquer dia;
  • robôs que podem nos ajudar nas métricas mais eficazes de representação.

Junte estas três tendências e a demanda por representação e bingo, as pessoas vão juntar tudo isso em projetos concretos espalhados pelo mundo.

Cada um mais interessante que os outros para serem reverberados.

A tendência é termos algo glocal, aprofundamento do local, sem perder de vista o global, pois um está completamente interconectado com o outro!

É algo completamente novo no universo do que temos hoje!

Ao pensar esse futuro democrático não podemos olhar apenas o retrovisor, mas também e, principalmente, o pára-brisa!

A Islândia optou, por exemplo, por refazer a sua constituição com forte apoio das redes sociais, veja o exemplo.

É um primeiro passo, mas não é tudo.

Se vamos defender mudanças que seja para algo melhor, novo e mais representativo e não imitar aquilo que as pessoas já estão descartando!

Não fará mais sentido no futuro que determinadas decisões não possam ser tomadas de casa/locais públicos pelos cidadãos.

Plebiscitos, debates específicos podem ser corriqueiros e contar com cada vez mais adesão dos eleitores, seja para questões micro-regionais ou macro-questões.

Ao invés de 20 deputados podemos ter 200 mil eleitores debatendo um determinado tema.

De fato, não temos ainda clareza do potencial que será aliar robôs + redes sociais + voto eletrônico.

Mas este é o desafio da década, talvez das próximas décadas.

Ou seja, podemos testar e tentar.

O Brasil pode - e é papel de quem está na frente desse movimento 2.0 sugerir - que algumas cidades voluntárias no país comecem a fazer experiências/protótipos de cidades com representação digital em rede

Para que testemos uma nova forma de representação que possa ir se espalhando por mais e mais cidades, aos estados e por todo o país na próxima década.

Se queremos mudança não vamos repetir o que não deu certo.

E algo em que o cenário e as opções dos eleitores era outra completamente distinta da atual.

Vamos criar algo novo já que vamos mudar!

Vamos na carona dos jovens espanhóis sobre a democracia 2.0:

Não sabemos o que é, mas, com certeza não é nada isso que está aí.

Que dizes?

Artigo publicado originalmente em http://nepo.com.br/2011/09/14/por-que-voto-distrital-se-podemos-ir-direto-para-o-digital/

Sobre o autor

Carlos Nepomuceno é Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense é consultor e jornalista especializado em Tecnologia (Informática e Internet), com larga experiência em projetos nestas áreas. Foi um dos primeiros webmasters do Brasil. Atualmente, presta consultoria permanente para as seguintes instituições: Petrobras, IBAM e Sebrae-RJ. É professor do MBA de Gestão de Conhecimento do CRIE/Coppe/UFRJ, com a cadeira "Inteligência Coletiva" e coordenador do ICO - Instituto de Inteligência Coletiva.

É autor, com Marcos Cavalcanti, do livro O Conhecimento em Rede Publicado pela Campus/Elsevier, é o primeiro livro no Brasil a discutir a WEB 2.0, a levantar paradigmas quanto à inteligência coletiva e a mostrar, na prática, como implantar projetos desta natureza. O livro trata desta nova revolução cultural, social e tecnológica a que todos estamos expostos.

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