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Twitter: comunicação, informação ou distração?

Por Carlos Nepomuceno

Data de Publicação: 02 de Dezembro de 2008

As três, diria eu.

Toda ferramenta na web permite o multi-uso.

Cada um inventa um jeito melhor, dentro das limitações.

Ou seja, depende do freguês, como já dizia Sherlock Holmes:

A imprensa, caro Watson, é uma valiosa instituição quando a gente sabe usá-la, no livro os Seis Napoleões.

Existe, assim, a característica da ferramenta e a versatilidade do uso que cada um faz nas fronteiras delimitadas pelas características do meio.

O Twitter seria na minha pouco científica definição:

Um MSN que permite colocar mais gente na roda de forma mais fácil com saída para celular, que limita o papo furado de cada um, com seus 140 cruéis (mas benvindos) caracteres, que cria o conceito do eu te sigo e você me segue (na verdade externando uma nova cultura), com um pitada da lista de discussão (a la Yahoo Groups) mais dinâmica, sem spam, propício para dicas rápidas, que passou a ser, fundamentalmente, a sala de chat dos eventos coletivos, reunindo quem está e quem não está no recinto.

O que faltou?

O que eu tento evitar no uso do bichinho:

Seguir gente muito ansiosa.

Um "seguido", a meu critério, deve, no máximo, se limitar a três twittadas por dia. Passou disso, bye, bye.

Não sigo quem cobre eventos.

Optei por criar uma conta minha só para isso para evitar gerar lixo para os meus modestos seguidores.

E sugiro que outros o façam para que fique algo mais limpo. Num evento, cada twiteiro passa das 50 mensagens!!! Haja lixo se não me interessa o tema?

A tendência de várias contas parece que já ganha corpo com o serviço splitweet , já não sendo, assim, tão complicado gerenciar mais que uma.

Tenho usado durante as palestras, principalmente, nas horas vazias ou chatas.

E deixo de lado quando o palestrante se torna interessante.

Para mim, o grande mérito da ferramenta é justamente este e nisso venho para ficar ou trazer herdeiros: criamos, finalmente, uma ferramenta de fácil uso para ocupar o espaço vazio da troca coletiva da silenciosa palestra, que mudará completamente a maneira de pensar, organizar e assistir eventos.

Agora, quem era mudo, se comunica, comenta, critica.

Há, finalmente, um equilíbiro entre o poder unidirecional do microfone e o barulho silencioso da platéia.

Quem fala, pode depois ver como "bateu" na massa.

Quem twitta, agora tem um caderninho de anotação on-line, que cria um histórico de como "bateu" a palestra para os outros. Quem anota no papel está, na verdade, twittando off-line.

Mais: a tendência é termos várias salas de twitters em cada evento, seguindo a mesma linha dos chats web como da UOL ou Terra, por idade, profissão, etc?tem patotas que entram com assuntos paralelos que precisam ser separadas para aumentar a relevância. Cada um na sua, certo?

Se me perguntarem, para valer, o Twitter é primo do MSN, do ICQ e de outras ferramentas de comunicação, com pouco espaço para informação mais reflexiva e, se vacilar, muita distração, se não houver uma certa moderação e reflexão no uso.

Os palestrantes, por fim, a partir de agora, terão que mudar a maneira de conduzir seus papos, pois se deixar a platéia entendiada, perde completamente o controle da mesma, arriscado a sair queimado.

Arrisco dizer que o modelo "eu falo e vocês escutam" já está meio 1.0.

Eventos como fui na Petrobras, no I Seminário de Redes, mostra um outro modelo.

Várias mesas foram colocadas diante do palco, nas quais a platéia conversava entre si, trocando impressões sobre os papos dos palestrantes.

No fundo, assumindo que a idéia de um "iluminado" e um "conjunto de dummies" está ficando demodê.

Não faz muito mais sentido, o que nos leva a problemas arquitetônicos das futuras salas participativas.

Ou seja, é assumir que o pessoal agora quer falar entre si..co-criar e se deixar fica todo mundo no Twitter tricotando, teremos pouca produção ao final e uma interação pífia entre a platéia.

Temos que pensar agora em wikishops, wikilestras, wikinários.

É um novo desafio ... para nossa eterna procura do evento 2.0.

Deixo aberto para novas contribuições?

Sobre o autor

Carlos Nepomuceno é Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense é consultor e jornalista especializado em Tecnologia (Informática e Internet), com larga experiência em projetos nestas áreas. Foi um dos primeiros webmasters do Brasil. Atualmente, presta consultoria permanente para as seguintes instituições: Petrobras, IBAM e Sebrae-RJ. É professor do MBA de Gestão de Conhecimento do CRIE/Coppe/UFRJ, com a cadeira "Inteligência Coletiva" e coordenador do ICO - Instituto de Inteligência Coletiva.

É autor, com Marcos Cavalcanti, do livro O Conhecimento em Rede Publicado pela Campus/Elsevier, é o primeiro livro no Brasil a discutir a WEB 2.0, a levantar paradigmas quanto à inteligência coletiva e a mostrar, na prática, como implantar projetos desta natureza. O livro trata desta nova revolução cultural, social e tecnológica a que todos estamos expostos.

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