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Data de Publicação: 14 de Dezembro de 2006
No inÃcio de março, o jornal Globo publicou o artigo A vez da Web 2.0 decretando a nova fase da Internet.
Nesta nova etapa, a expectativa é de que consigamos superar a primeira etapa, na qual tentamos desesperadamente encaixá-la em todos os modelos conhecidos de comunicação.
Basicamente, um emissor divulgando informações e tantos outros as recebendo.
Quando os primeiros usuários entraram na rede começaram a perceber que este modelo clássico poderia ser modificado e diversos visionários criaram produtos e serviços, que foram aos poucos mostrando este novo potencial.
Entre eles:
E a evolução permanente dos websites, que foram aos poucos permitindo cada vez mais a participação e a colaboração dos usuários no processo de geração de informação.
Na verdade, a expectativa da Web 2.0 é criar alguns novos paradigmas:
Assim, a Web 2.0 tem como proposta passar a limpo os experimentos e erros de adaptação do modelo de comunicação clássica para este novo ambiente, que continuam por aÃ, mas diminuindo gradualmente.
Assim, quando falarmos de Internet 2.0 estamos partindo do princÃpio que os agentes deste processo estarão trabalhando na tentativa de potencializar ao máximo este novo ambiente: tendo a colaboração, a interação e a força do coletivo, como o motor para dar respostas a essa nova sociedade virtual.
Ou seja, quanto mais .Internetamos. ou virtualizamos a sociedade, mais rápida ela gera seus ciclos e mais depressa precisamos acompanhá-los para tomar as decisões, que vão da escolha da carreira do filho ao investimento de bilhões de uma nova fábrica da Vale do Rio Doce na China.
Diante desta nova visão, introduzimos o conceito de que tipo de conhecimento, inteligência ou esperteza os seres humanos precisarão para acompanhar este novo cenário.
As tentativas ligadas pela nova área, batizada de Gestão de Conhecimento avançam a passos largos nesta direção, mas nem sempre acompanhados da compreensão do papel fundamental que a Internet terá neste processo.
São ainda poucos entre nós contemporâneos dessa .Tisunami. tecnológica-cultural-econômica, que podem ter a exata noção do tamanho da onda.
Se, entretanto, não podemos ter medidas exatas, podemos trabalhar com a mesma intuição dos elefantes, que subiram nas montanhas mais altas da Indonésia para escapar da catástrofe.
Nosso instinto nos diz que precisamos estar inicialmente abertos a:
Esta tese vale para toda a sociedade, principalmente a nossa, com um grande potencial criativo e comunicativo, mas desperdiçado sem um eixo estratégico.
Devemos pensar em um novo modelo parecido com este para os projetos da Web 2.0:
O profissional de comunicação, informação e tecnologia perde o seu antigo poder. Hoje, ele mais anima e administra conflitos e encontros e edita os resultados de tudo isso, do que coloca informações.
Na verdade, o novo modelo é uma nova forma cultural de relacionamento, da qual estamos nos habituando lentamente. Muitos são céticos de que a interação prospere, pois o ser humano é por natureza acomodado.
Sim, projetos que potencializem a Internet 2.0 não são fáceis, pois estarão indo contra a uma arraigada cultura que temos do que é se informar e trocar conhecimento.
São basicamente projetos de mudanças culturais fortes.
Não são todos os ambientes da sociedade que hoje reúnem as condições para esta implantação.
Desenvolvi a teoria de que quanto mais o cenário de um determinado coletivo é instável, de grande inovação e competição, mais aquele grupo terá benefÃcios e interesse em projetos interativos, focados em troca de conhecimento dinâmico usando as redes.
O mesmo vale para o contrário: quanto mais estável for a situação de determinado grupo, mais ele tenderá a rejeitar projetos deste tipo e menos benefÃcios verá no esforços demandados de cada um e do grupo.
Mas, o mais interessante do processo é que, pela velocidade das mudanças, quanto mais um grupo se utiliza do ambiente colaborativo da Web, mais ele se distanciará daqueles que não o fazem, valendo esta dinâmica para pessoas, empresas, instituições e paÃses.
Assim, quando falamos em Internet ou Web 2.0 não podemos nos perder em tecnicismos, ou em imagens piscando, ou vÃdeos passando.
O que realmente fará a diferença para o ser humano é a capacidade que ele terá de interagir em um mundo novo, não mais para ser informado, mais para informar, descobrindo suas tribos e produzindo com eles o conhecimento necessário para enfrentar este novo cenário veloz.
As decisões tomadas, a experiência adquirida e a memória do grupo preservada com rápida recuperação para os que ainda virão - tudo isso, podemos chamar de Inteligência Coletiva, o objetivo principal da nova Web 2.0.
Carlos Nepomuceno é Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense é consultor e jornalista especializado em Tecnologia (Informática e Internet), com larga experiência em projetos nestas áreas. Foi um dos primeiros webmasters do Brasil. Atualmente, presta consultoria permanente para as seguintes instituições: Petrobras, IBAM e Sebrae-RJ. à professor do MBA de Gestão de Conhecimento do CRIE/Coppe/UFRJ, com a cadeira "Inteligência Coletiva" e coordenador do ICO - Instituto de Inteligência Coletiva.
à autor, com Marcos Cavalcanti, do livro O Conhecimento em Rede Publicado pela Campus/Elsevier, é o primeiro livro no Brasil a discutir a WEB 2.0, a levantar paradigmas quanto à inteligência coletiva e a mostrar, na prática, como implantar projetos desta natureza. O livro trata desta nova revolução cultural, social e tecnológica a que todos estamos expostos.