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Repensando o Scrum Bunda - parte 2

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 27 de Novembro de 2013

O que procurei mostrar no primeiro artigo dessa série foi que um Scrum Bunda pode não ser de todo mal, mas uma oportunidade de melhoria. Afinal, a palavra Scrum já é conhecida e, tipicamente, não há desacordo sobre os benefícios de sua prática. Mais do que isso, o pessoal bacana da Mayflower presenteou-nos com o Scrum Butt Test, uma ferramenta que nos permite determinar, rapidamente, o quão bunda é o nosso Scrum. Com isso, podemos rapidamente observar o que pode ser melhorado em nossa prática e associar essa melhoria à de indicadores associados aos objetivos estratégicos da nossa empresa.

Mary Poppendieck, co-autora do livro The Lean Mindset com Tom Poppendieck e Henrik Kniberg diz: "Se algo é difícil, faça-o com frequência que ele se tornará mais fácil". Em meu livro Scrum, Guia Prático para Projetos Ágeis digo isso de forma diferente, comparando a prática do Scrum a de tocar violão: você será o sucesso em uma roda de amigos com alguns poucos acordes, mas para chegar ao nível de um Yamandu Costa você terá que estudar muito o que ele faz, até que fique fácil. Nesse processo de melhoria contínua, o apoio da plateia é fundamental.

Dependendo do ambiente em que você trabalha, a resistência pode ser maior ou menor à completa implementação do Scrum. Muitas vezes, ganhar a simpatia no uso de todos os processos (reuniões diárias, sprint review, sprint retrospective, product backlog grooming) e artefatos (backlogs, burndown chart) pode ser mais fácil se você trouxer para dentro de sua prática alguns daqueles jeitos e manias que evoluíram de forma orgânica dentro da organização. Já vi muita gente torcer o nariz quando falo isso, mas práticas vindas do PMBOK, CMMI, muitas ISOs e o método do filho do dono da empresa não são, necessariamente, ruins. Não estou falando aqui do Scrum Stealth, o caso onde a resistência é tão grande que a única maneira de começar a usar o Scrum é fazê-lo de forma escondida, camuflada. Isso é assunto para uma série completamente diferente de artigos. Já assumimos que estamos em um Scrum Bunda e queremos melhorá-lo.

Mas há, claro, um pequeno truque. O KanBan é um queridinho da plateia e ele é ótimo para aplicar os conceitos de limites de tempo para os sprints, isolando a equipe de interferências externas e incentivar a prática da reunião diária e do refinamento do product backlog (o backlog grooming).

Uma pausa. Assumo aqui que, se você está lendo o segundo artigo dessa série, você não caiu aqui de paraquedas. Você vive seu momento Scrum Bunda e quer algumas dicas para uma vida melhor. Por isso, não explico, aqui, termos comuns do Scrum. Para isso há o meu livro, o Guia de aprendizagem do portal da Brodtec e a excelente coleção de infográficos coletados pela querida Tathiana Machado.

O KanBan é, literalmente, um quadro de avisos ou tarefas e a forma como ele é usado, nos dias de hoje, deriva de um estudo iniciado em 1940 pela Toyota. Na prática, você divide um quadro em três colunas: a fazer; em execução; feito. Nessas colunas você cola suas etiquetas adesivas com as tarefas e, nas próprias etiquetas adesivas, as anotações relativas às tarefas. Essas etiquetas vão avançando no quadro na medida em que as tarefas progridem.

Há muitas variações possíveis para as divisões do KanBan. Em períodos mais longos de desenvolvimento de um projeto, por exemplo, você pode subdividir a coluna "em execução" nos percentuais 25%, 50% e 75%, indicando a progressão das tarefas.

Nada impede que você crie uma tabela em um documento do Google Drive, ou use uma planilha, para representar as tarefas de um projeto e sua evolução, movendo-as entre as colunas na medida em que vão sendo completadas. Uma rápida pesquisa na loja Google Play pelo termo "KanBan", porém, mostrará aplicativos que foram desenvolvidos, especificamente, para essa finalidade.

Para conectar qualquer novo aplicativo ao Google Drive, na página principal da ferramenta clique em Criar > Conectar mais aplicativos. Na caixa de busca, procure por KanBan e, dentre as opções oferecidas, opte por instalar o Kanbanchi. Depois que você concluir o processo de instalação, quando clicar novamente no botão Criar, você terá a opção de começar um novo Dashboard, que é um quadro KanBan.

Para criar uma nova tarefa no Kanbanchi, basta clicar em uma célula vazia e preencher as suas informações básicas. Depois, ao clicar em qualquer tarefa criada, é possível sua edição e detalhamento (o ícone na forma de uma gota, ao lado do nome da tarefa, permite a troca de sua cor), além de atribuir a sua execução a uma pessoa específica (esta pessoa precisa ter o Kanbanchi também instalado em seu Google Drive). Cada uma das tarefas pode ser movida entre as colunas To Do (a fazer), Doing (em execução) e Done (concluída).

Você pode trocar o nome das listas (colunas) padrão simplesmente clicando em seu nome e, no menu de edição que se abre à direita da tela, escolher um novo nome para elas.

Para compartilhar ideias sobre o uso do aplicativo, curta a sua página do Facebook em https://www.facebook.com/kanbanchiapp.

A vantagem de uma ferramenta como o Kanbanchi (usei-a como um exemplo, há outras descritas no capítulo 13 do meu livro) é a de tornar visível, de forma gráfica e moderna, o trabalho desenvolvido pela equipe. Inicialmente, pode ser que seja tarefa de poucas pessoas usar o Kanbanchi ou expor, em um quadro branco comum, usando etiquetas adesivas, a evolução do trabalho da equipe. Mas, na medida em que potenciais patrocinadores do projeto, a alta direção da empresa, percebem isso como uma forma de organização, seu apoio às atitudes de desenvolvimento (de produtos, aplicativos, projetos) aumenta consideravelmente.

A partir daí, com esse apoio, vai ficando mais fácil a demonstração de que, quanto mais alta a sua nota no teste do Scrum Bunda, melhor é o desempenho demonstrado pelos indicadores escolhidos e que o Scrum é o caminho a ser seguido.

Mas, lembre-se sempre, padawan! Se a reunião diária não está acontecendo, então o seu Scrum está no nível muito bunda mesmo.

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Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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