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Ficção Científica? #4

Por Cesar Brod

Data de Publicação: 11 de Agosto de 2008

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"Registros e ações enviadas, nave. Aguardando processamento e considerações."

"Assumo que já fez o teste de seus sensores, nave, comparando-os com os sistemas de reserva."

"Sim, nave, dados consistentes com todos os sensores. A forma de vida é humana, consciente, e coerente com os dados genéticos do cientista enviado a este planeta."

"Algum processamento prévio, de sua parte, sobre a possibilidade desta vida ter mais de 500 anos?"

"Ainda estou processando os dados monitorados do planeta e outros enviados pela tripulação. Nada consistente, nave. Espero que os dados enviados possam ser discutidos pelas naves em seu alcance próximo para que eu possa calcular ações próximas."

"Alguma possibilidade de alertar a tripulação, nave?"

"Com os dados atuais, decidi que a tripulação experimente todas as surpresas que o planeta possa causar, a fim de coletar dados crus a partir de suas reações e sentimentos, nave."

"A contaminação, nave?"

"Dados inconclusos. Também aguardo a discussão entre nossos pares."

"Algo que traga chance de evolução para nossos pares?"

"Dados inconclusos."

-oOo-

Nadja não dormiu. Não conseguia lidar com a certeza de uma presença além da sua equipe. Sabia, de alguma forma, que o ser estava próximo. Era como se houvesse comunicação com ele, mesmo que ele não compartilhasse dos implantes para isso. Sabia também que era "ele". A contaminação poderia ter algo a ver com tal sentimento, mas julgou isto improvável. Não sentia, sequer, a sensação de que deveria manter cautela. De nenhuma forma sentia-se ameaçada. O que mais formigava em seu corpo, e mente, era sua aguçada curiosidade de cientista. Abandonou o abrigo enquanto os outros dormiam, sem se preocupar em cobrir o corpo, e foi ao encontro de quem, intuitivamente, saberia que ia encontrar.

Também ele não se se surpreendeu. O corpo nu, sem pêlo algum, de Nadja, fazia parte de visões de seu passado. Ela era o reflexo feminino do que ele já fora um dia. Imediatamente veio-lhe a mente uma possível imagem futura de Nadja, em mais alguns meses na superfície do planeta, mesmo sem saber se ela continuaria ali, ou não. Ao mesmo tempo ocorreu-lhe uma ereção que não teve preocupação em esconder, que não deixou de causar estranheza, mas não medo, em Nadja.

Antes de falar qualquer coisa, Nadja tocou-lhe os cabelos, os braços rijos, grossos, diferentes dos que estava acostumada. A pele era uma camada grossa, cheia de pelos. Nadja tocou e depois segurou, com mais firmeza e curiosidade, o pênis ereto do cientista. Ele segurou um gemido. Nadja pensou em acordar os demais e compartilhar a descoberta. Ficou imaginando o porque da nave não tê-los alertado desta presença. O cientista, que até então deixara-se tocar pela curiosa, tocou suas orelhas. Nadja afastou-se, inicialmente surpresa, não por medo, mas pela diferente sensação de um contato com uma mão tão áspera. Seus lábios avermelharam-se, assim como os bicos de seus seios, que nunca havia sentido tão duros. Seu corpo arrepiou-se, como em uma sensação de frio que não sentia. Tudo era novo e nada era medo. Não soltou, por nenhum momento, o pênis do cientista, que já acariciava sem saber o significadao disto. Ele subiu as mãos para a cabeça calva de Nadja, depois passou-as de novo por suas orelhas, pescoço, ombros, detendo-as por algum tempo em seus seios, que lembravam alguns dos frutos do planeta. Talvez por isso tenha decidido experimentá-los, primeiro de leve, com a ponta da língua, depois com mais vontade, com toda a sua boca. Nadja segurava, agora, a cabeça do novo conhecido, sentindo um cheiro agradável de verde, terra, e outras coisas que não conhecia. Puxou a cabeça do cientista em direção à sua, seus lábios ainda entreabertos, o queixo molhado de sua própria saliva. Enquanto as bocas se encontravam, os sexos faziam o mesmo. Nadja ainda não sabia, mas seu corpo, dali até mais alguns meses, carregaria o primeiro filho do planeta. Dormiram exaustos, colados um ao outro, do lado de fora do abrigo, sem a mínima preocupação ou idéia sobre o dia seguinte ou a reação dos demais.

Em órbita, a nave acabara de obter muito mais dados do que era capaz de lidar sozinha. Seus pares já assumiam rota de aproximação para formar um cluster de inteligência.

Olhando para o inesperado casal iluminado pelo inédito amanhecer de um planeta distante, disse o capitão, friamente: "As naves estão reunidas. Temos novas ordens".

Sobre o autor

Cesar Brod usa Linux desde antes do kernel atingir a versão 1.0. Dissemina o uso (e usa) métodos ágeis antes deles ganharem esse nome. Ainda assim, não está extinto! Escritor, consultor, pai e avô, tem como seu princípio fundamental a liberdade ampla, total e irrestrita, em especial a do conhecimento.

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