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Verdades inconvenientes nascem de perguntas inconvenientes
Colaboração: Sérgio Amadeu
Data de Publicação: 29 de Novembro de 2006
A ABES, Associação Brasileria de Empresas de Software, divulgou recentemente
uma pesquisa que está sendo utilizada pelos seus membros e pela Microsoft
para atacar o software livre no programa PC para Todos.
O programa PC Conectado, hoje, PC para Todos, foi um sucesso e ampliou a base
instalada de software livre no Brasil. Isto fez com que a microsoft começasse
a baixar os preços de suas licenças e tentar de todas as formas impedir que as
máquinas saissem de fábrica com 26 softwares livres instalados. A concorrência
promovida pelo software livre teve como efeito imediato a redução do preço
das licenças de software proprietário, para o desgosto do monopólio.
Para tentar conter o avanço do software livre, uma das estratégias do monopólio
é pagar todos os anúncios publicitários das empresas de hardware. Por isso,
lemos propaganda de computadores nas páginas de jornal com o seguinte texto:
empresa tal recomenda M$. Obviamente se fizermos o balanço contábil do que
a empresa de hardware paga para a microsoft e retirarmos o que a microsoft
paga em anúncios e promoções podemos perceber que ela está quase dando suas
licenças gratuitamente. Mas isto não é uma prática anti-concorrencial? Sim.O
CADE irá agir?
Agora, a microsoft coloca uma propaganda na TV que dá a impressão que o
software livre é um software pirata ou ruim, sendo que o software instável e
repleto de vírus é o deles. Isto não seria uma propaganda enganosa? E o CONAR
(Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária ) fará algo?
Por fim, algumas perguntas sobre a pesquisa da ABES precisam ser feitas:
- Por que uma pesquisa feita em junho foi divulgada somente agora? Será que
é para impedir as vendas de computadores com software livre na véspera do
Natal? Será que é para influenciar na montagem do novo governo Lula?
- Por que a pesquisa não peguntou quantas máquinas com start edition, da
microsoft, foram trocados por windows pirata?
- Por que a pesquisa da ABES não quis saber quantos computadores vendidos
somente com windows serve para a instalação de todos os demais softwares
piratas? Ou será que a ABES não sabe que somente a licença para o Office
(pacote de escritório da m$) custa R$ 1200,00 (mais que o computador)?
- Por que a pesquisa foi feita somente em dois estados ou segundo está escrito
"nas Unidades Federais de São Paulo e Paraná"?
- Por que a ABES não faz uma pesquisa para saber qual o grau da pirataria
geral no país? Será que é porque ela descobrirá uma verdade inconveniente:
a pirataria é que mantém o monopólio da microsoft. Quantas pessoas que compram
computadores que custam R$ 1800,00 gastariam mais R$ 1400,00 somente nos demais
aplicativos da m$, sem falar no Corel, no Photoshop, entre outras licenças.
Acho que a tentativa de manter o monopólio tem limites. A concorrência é
melhor, reduz custos, melhora a qualidade e, por isso, devemos defendê-la. Não
seria o caso, do CADE, do Ministério Púbico Federal e outros órgãos de defesa
da concorrência entrarem em ação?