Resumo
Este artigo trata do papel estratégico da Tecnologia da Informação no atual
cenário empresarial e governamental, polarizado de um lado pela forte
presença de uma empresa, que domina o fornecimento de soluções para
automação de processos de negócios, e de outro por um movimento mundial de
quebra desse monopólio via utilização de programas de livre acesso,
utilização e distribuição. O assunto é destaque nas políticas públicas do
governo federal, que trata o assunto software livre como prioridade e
incentiva a sua utilização imediata. Para desenvolvimento deste trabalho
foram considerados conceitos de autores renomados como Michael Porter e
McFarlan, bem como pesquisas no site do governo eletrônico e outros que
tratam do tema.
Palavras-chave: Estratégia; Tecnologia; Software.
1. Introdução
As organizações empresariais modernas estão muito mais concentradas nos
aspectos estratégicos da Tecnologia da Informação (TI), do que no uso da
tecnologia em si. Segundo Cerioni (2003), os resultados apresentados na
terceira edição da pesquisa Gestão de Tecnologia da Informação nas
Empresas, realizada pela IBM em 126 organizações de grande porte, mostram
que a atenção dos executivos está predominantemente voltada ao alinhamento
de TI com as estratégias da organização, a gestão de custos e o retorno
sobre investimento. Nada menos que 46% apontaram como a grande preocupação
o alinhamento de TI com as estratégias corporativas.
Outra conclusão importante deste levantamento é que 42% dos executivos
entrevistados acreditam em TI como instrumento de agregar valor aos seus
produtos ou serviços, contudo continuam as pressões para diminuição de
custos, bem como para a comprovação dos benefícios trazidos pelos
investimentos em novas tecnologias. Isso explica o interesse geral pelo
Software Livre, como por exemplo o sistema operacional Linux, como
alternativa para combater os altos custos de aquisição e, principalmente,
atualização, que caracterizam o mundo proprietário "wintel", assim chamado
o ambiente Windows da Microsoft em plataforma de microprocessadores Intel
ou similares.
Neste ambiente o tempo útil de vida de equipamentos e programas é muito
curto, o eu obriga as organizações a realizarem investimentos permanentes,
ora em equipamentos para suportar a maior demanda de recursos
computacionais imposta pelas novas versões dos programas, ora em novas
versões de programas para substituir as existentes, porém descontinuadas
pelo fornecedor. Em suma, um ciclo que se perpetua para desespero dos
executivos e administradores públicos.
Há que se registrar que tal movimento também se verifica fortemente na área
pública, particularmente nos Poderes Executivos Federal e Estadual, que vêm
realizando pesquisas e incentivando as suas empresas e repartições a
investirem em novas plataformas tecnológicas de menor custo, porém com
performance e facilidade de uso equivalentes.
Neste contexto, entendemos que o alinhamento estratégico de TI é a
expressão que sintetiza o propósito de tornar a Tecnologia da Informação um
fator crítico na moldagem da estratégia organizacional. Conceitos,
estratégias, políticas públicas e tecnologias são abordadas no intuito de
demonstrar que a TI se configura como um forte instrumento para consolidar
e viabilizar os objetivos institucionais das esferas públicas, bem como as
vantagens competitivas das empresas modernas.
2. A Tecnologia da Informação no Século XX
Desde o aparecimento do primeiro computador digital na década de 40,
encomendado pelo governo americano primeiramente para aplicações militares,
passando pela década de 60, quando os equipamentos de grande porte, também
chamados mainframes, consolidaram a sua importância no processamento de
transações científicas, comerciais ou governamentais de grande volume e/ou
complexidade. Tudo isto, porém, demandou um custo altíssimo de instalação,
manutenção, evolução e equipe técnica especializada.
Já na década de 80, diversos fatores contribuíram para que a Tecnologia da
Informação se "popularizasse", ou seja, deixasse de ser privilégio apenas
das grandes corporações e permitisse às organizações de pequeno ou médio
porte incorporar vantagens competitivas antes inacessíveis. Dentre outros
motivos podemos destacar:
a) Grande redução de custos, tanto de equipamentos quanto dos programas;
b) Maior variedade de soluções disponíveis para os mais diferentes
segmentos de mercado;
c) Maior facilidade de aquisição, treinamento, operação e suporte técnico.
Assim, a "Era da Informação" foi se consolidando através do uso intensivo
de Sistemas de Informações, reforçada ainda mais com a evolução de outras
tecnologias essenciais como a de Telecomunicações e de Redes Locais. Como
exemplo podemos citar o rápido crescimento da Internet em todo o mundo, que
nada mais é do que uma rede mundial formada pela interligação de milhares
de redes locais de computadores. A rede mundial forneceu a infra-estrutura
sobre a qual foram desenvolvidas aplicações estratégicas de TI, dentre as
quais podemos destacar o E-Busines e o E-Commerce (Evans & Wurster, 1997;
Frontini, 1999).
Podemos citar ainda outros avanços no mundo digital como a padronização das
regras de comunicação, também chamadas protocolos, com destaque para o TCP-
IP, que tornou-se padrão nas redes locais e na própria Internet. A maior
oferta de conexão de alta velocidade, ou banda larga, tanto para uso
empresarial quanto doméstico, também está contribuindo significativamente
para fazer da Tecnologia da Informação algo essencial na vida das pessoas
físicas e jurídicas.
Neste cenário muitas empresas utilizam a informática para conquistar
vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes. Apesar de
disponível a todos que tenham visão e recursos para investimento, aquelas
organizações que também usaram o tempo como um fator de vantagem sobre os
concorrentes (Stalk, 1988) e saíram na frente no uso estratégico de TI
conquistaram mercado, melhoraram a sua imagem junto aos clientes,
diminuíram custos e, conseqüentemente, tiveram melhores resultados em seus
balanços. George Stalk muito bem defendeu a importância do tempo como fonte
de vantagem competitiva quando escreveu que "os melhores concorrentes,
aqueles mais bem-sucedidos, sabem como estar sempre em movimento e se
manter à frente".
Como exemplo desta postura podemos citar o setor de serviços,
particularmente o segmento financeiro, onde muitos bancos fizeram da
tecnologia da informação um dos pilares da sua estratégia empresarial.
Investindo fortemente em infra-estrutura e sistemas computacionais, o
Unibanco, por exemplo, lançou o conceito de Banco 30 horas, onde o cliente
passava a dispor não apenas de um banco físico, tradicional, com agências,
gerentes e caixas seis horas por dia, mas também um banco virtual,
acessível por diferentes meios (telefone, fax, internet, pager, celular
etc.), disponível vinte e quatro horas.
Um componente importante desta estratégia foi o uso intensivo da Internet,
que praticamente substitui a obrigação e, geralmente, o aborrecimento do
cliente precisar se deslocar a uma agência, ou até mesmo a um terminal de
auto-atendimento, a não ser para a retirada de dinheiro em espécie. Com
isso, o banco ganhou mercado colocando disponível, na casa ou no escritório
do cliente, informações de saldos e extratos, serviços de débito automático
em conta-corrente, requisição de talão de cheques e outras facilidades.
Um outro aspecto importante que caracteriza a vantagem competitiva
adquirida pelo banco foi a diminuição drástica dos custos de instalações
físicas e pessoal, transferindo para cliente todo o trabalho de digitação
dos dados de pagamentos de boletos de cobrança, contas de consumo como luz
e telefone, transferência de fundos etc, antes feito nas agências. Por fim,
a instituição obteve ganhos significativos de imagem não apenas com
marketing agressivo, mas também porque os clientes ainda ficaram felizes
pela comodidade de não precisar enfrentar filas.
3. Um Novo Paradigma Para Um Novo Milênio - O Software Livre
O conceito de software livre se refere às quatro liberdades dadas aos
usuários da tecnologia da informação para utilizar, copiar, alterar e
distribuir estes programas, seja gratuitamente, seja com algum tipo de
custo agregado. Desta forma, o usuário pode executar um software livre para
qualquer propósito, pode aprender como funciona através do estudo do seu
código-fonte, pode adaptar e aperfeiçoar o programa segundo as suas
necessidades, e pode ainda fazer cópias e distribuir para outros, de forma
que todos possam se beneficiar das suas facilidades.
Deve-se atentar que o conceito de software livre difere de outro conceito
um pouco mais antigo e conhecido, que trata de sistema ou software aberto,
pois este diz respeito apenas ao acesso ao código-fonte do programa, não
sendo possível usufruir das outras importantes liberdades que caracterizam
o software livre, como por exemplo a sua distribuição.
O aparecimento do software livre trouxe um novo paradigma na forma de
trabalhar e lucrar no mundo digital, pois as fontes de receitas nestes
ambientes não advém diretamente da venda ou distribuição dos programas, mas
sim da prestação de serviços como desenvolvimento de aplicações, suporte
técnico, treinamento de profissionais ou de usuários finais, projetos de
sistemas de informações, projeto de redes de computadores e outros.
O software livre agrega ainda valor e conhecimento permanente a quem dele
se utiliza, o que significa que a riqueza gerada na sua utilização é
contabilizada localmente e não apenas na geração de lucros, mas também na
geração de empregos, além de evitar os males da dependência externa e os
altos custos de pagamento de royalties.
O Brasil, que tem grande necessidade de se desenvolver e conta com
profissionais capacitados e com larga experiência no uso de TI em
diferentes segmentos, encontra um campo fértil para utilização de software
livre. Muitos projetos têm sido mostrados nos eventos cada vez mais
numerosos que tratam desta tecnologia, como o Fórum Mundial de Software
Livre, onde empresas e universidades têm se destacado como centros de
excelência na sua aplicação e utilização.
Se ainda não se configura como uma virada no atual modelo de
comercialização de software baseado em arquiteturas proprietárias, no
mínimo o conceito de software livre traz as vantagens de independência
tecnológica, compartilhamento de informações técnicas, liberdade de uso e
ausência de custos com royalties, constituindo-se uma alternativa
promissora e real para organizações públicas, privadas ou do terceiro
setor, de qualquer tipo ou tamanho. Isso deve levar a Microsoft e outros
atores deste segmento a repensarem as suas estratégias corporativas para
este novo milênio.
4. O Poder Público e o Software Livre
Dentro de um contexto amplo de governo eletrônico, que se caracteriza por
utilizar largamente a tecnologia digital para a promoção da cidadania, a
inclusão digital, a articulação e gestão de políticas públicas, a
racionalização de recursos, a integração de sistemas, padrões, normas e com
outros governos e poderes (veja maiores detalhes no endereço eletrônico
www.governoeletrônico.gov.br), o governo federal criou oito Comitês
técnicos de estudo, definição e implementação de iniciativas voltadas ao
mundo digital, a saber:
a) Inclusão Digital
b) Gestão de Sítios e Serviços On Line
c) Integração de Sistemas
d) Infra-estrutura de Redes
e) Gestão do Conhecimento e Informação Estratégica
f) Governo para Governo
g) Sistemas Legados e Licenças
h) Implantação do Software Livre
Este último reúne dezenas de membros representativos de diferentes e
importantes órgãos da administração como Ministérios, empresas estatais e
autarquias. Como resultado dos projetos apresentados, discutidos e
aprovados nesse fórum, estão previstas migrações de plataformas
tecnológicas proprietárias para plataformas livres nos Ministérios das
Comunicações, Minas e Energia, Relações Exteriores, Cultura, Ciência e
Tecnologia, Educação e outros mais.
Muitas destas migrações se realizaram com êxito. Segundo o Comitê Técnico
para Implantação do Software Livre (CISL), somente em 2004 R$ 28,5 milhões
deixaram de ser gastos com licenças de uso de softwares proprietários, o
que representa uma economia entre 7% a 9,5% do orçamento anual do governo
federal, estimado entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões.
Outros Comitês citados acima, como o de Inclusão Digital, também reiteram e
incentivam a utilização prioritária de software livre, como por exemplo na
instalação e operação de milhares de tele-centros comunitários, onde a
população poderá ter acesso às facilidades possíveis pela tecnologia da
informação, inclusive às informações disponíveis na Internet.
Com a relação à política industrial, o atual governo encara a indústria de
software como uma prioridade para promover o desenvolvimento do país.
Dentre as muitas iniciativas a serem implementadas para o crescimento do
setor destaca-se o programa de incentivo ao desenvolvimento de software
livre, onde estão previstos cerca de 163 milhões de reais para a produção
de sistemas baseados em plataformas não-proprietárias (BIMBO, 2003).
O Brasil tem o sétimo maior mercado de software do mundo, importa cerca de
1 bilhão e exporta cerca de 100 milhões de dólares por ano, no modelo de
plataforma tecnológica proprietária. O Governo entende que o software livre
deverá ser um importante instrumento de mudança neste cenário amplamente
desfavorável ao país, uma vez que soluções estáveis e confiáveis já se
encontram disponíveis, como é o caso do Servidor Web Apache, utilizado em
mais de 70% dos sítios digitais.
A Brasil se destaca também como pioneiro na busca de se estabelecer uma
legislação específica para o uso de software livre, em substituição ao
proprietário. A cidade de Recife, por exemplo, foi a primeira a aprovar
leis neste sentido, que determinam que a arquitetura proprietária seja
utilizada somente quando, comprovadamente, não houver uma solução similar
baseada em software livre. Também a cidade de Amparo, em São Paulo, adotou
uma postura semelhante.
Verifica-se também que uso de Software Livre é uma tendência mundial, pois
além do Brasil muitos outros países, desenvolvidos ou emergentes, estão
trilhando este caminho, a exemplo da Alemanha, França, Espanha, China e
México. A Tabela 1 descreve algumas iniciativas em andamento a nível
internacional.
País |
Ações em Andamento |
FRANÇA |
O parlamento encaminhou proposta de lei tratando da disponibilidade do código fonte de programas utilizados pelo governo e da adoção de padrões abertos |
ALEMANHA |
O governo patrocinou iniciativas do "German Unix Users Group" (GUUG), para adaptar o software de criptografia GnuPG, para uso de órgãos governamentais. |
ARGENTINA |
Foi apresentada uma proposta que determina, com algumas exceções, o uso de software livre em todos os órgãos governamentais e empresas estatais. |
UNIÃO EUROPÉIA |
A União Européia solicitou recomendações ao grupo de trabalho sobre software livre, o qual no último ano levantou a possibilidade de que seja adotada pela União Européia "sempre que possível". |
ASIA |
Diversos governos têm agido de forma diversa, porém tomando medidas visando reduzir o uso de software proprietário. Na Coréia do Sul, em 1997, o Ministério da Informação e Comunicação implantou programas para administração de sistemas em GNU/Linux |
CHINA |
Na China, o governo encoraja o uso da distribuição Red Flag de forma a tentar reduzir a dependência de softwares americanos, particularmente da Microsoft |
MÉXICO |
O México está patrocinando o projeto Red Scolar, que tem por objetivo instalar sistemas GNU/Linux em 140.000 laboratórios de escolas por todo o país e prover seus alunos acesso a correio eletrônico, Internet, processadores de texto e planilhas eletrônicas. |
Tabela 1 - Iniciativas em outros países em relação ao uso de Software Livre (Almeida, 2004).
Também antevendo novas oportunidades de negócios, empresas importantes no
mercado de tecnologia estão investindo maciçamente nesta área, como é o
caso da gigante da computação e serviços IBM, bem como da Novell, empresa
que já foi líder na tecnologia de redes locais.
5. Impactos e Tendências
Para uma análise estruturada dos impactos de TI nas organizações McFarlan
(1984) enumerou cinco questões relacionadas com as forças competitivas de
uma empresa (Porter, 1985):
a) TI pode estabelecer barreiras aos novos entrantes?
b) TI pode influenciar na troca ou no poder de barganha de fornecedores?
c) TI pode alterar as bases da competição através de custo, diferenciação
ou enfoque?
d) TI pode alterar o poder de barganha dos clientes?
e) TI pode gerar novos produtos?
Fazendo-se uma análise da influência do conceito de software livre nas
organizações, tomando como referencial a metodologia de McFarlan,
constatamos que a resposta à segunda questão, que trata do poder de
barganha dos fornecedores, é positiva, pois sem dúvida a adoção de software
livre pelas empresas e organizações públicas deverá alterar drasticamente o
relacionamento dos usuários de computador com as empresas fornecedoras de
programas básicos e utilitários.
Como exemplo podemos citar a Microsoft, que após conquistar cerca de 90% do
mercado de programas para automação de processos de negócios, construiu um
conjunto de padrões em termos de sistema operacional (Windows), editor de
texto (MS-Word), planilha eletrônica (Excel), apresentação de slides
(Powerpoint) e outros que, na prática, eliminou qualquer possibilidade de
troca de fornecedor por parte dos seus clientes. Na Década de 90,
inclusive, uma modalidade de contratação denominada "Contrato Select"
forneceu respaldo jurídico ao poder público para adquirir, diretamente e
com exclusivamente, sistemas proprietários, permitindo aos representantes
da gigante americana no Brasil serem reconhecidos e premiados pela matriz
devido ao grande volume de vendas.
Acredita-se que a adoção de software livre possa ser uma alternativa real e
viável para se contrapor ao monopólio existente, via principalmente uma
drástica redução de custos de aquisição e atualização, possibilitando assim
uma sobrevida maior dos investimentos realizados em infra-estrutura,
treinamento e suporte técnico.
Conforme os estudos de Michael E. Porter existem três tipos de Estratégia:
(1) baseada em custo, onde uma empresa pode produzir com um custo mais
baixo do que os seus concorrentes; (2) baseada na diferenciação de
produtos, quando oferece um mix diferente de características no produto
como serviço ou qualidade; (3) na especialização em um nicho de mercado,
onde a empresa se distingue em custo ou em características raras.
Considerando a primeira estratégia enumerada por Porter, se uma empresa
consegue diminuir seus altos custos com um insumo essencial como TI, que em
geral permeia e onera toda a cadeia de produção de um produto ou serviço, a
resposta à terceira questão levantada por McFarlan também é verdadeira, ou
seja, espera-se que a adoção de software livre venha a alterar as bases da
competição entre concorrentes de um mesmo setor. Os impactos serão ainda
mais significativos em setores muito dependentes da tecnologia de sistemas,
como é o caso dos bancos a das empresas aéreas.
6. Considerações Finais
Os sistemas de computação passaram e ainda passam por grandes
transformações. Após o grande sucesso dos mainframes na década de 60 e do
fracasso dos Minicomputadores na década de 70, que se perderam entre os
equipamentos de grande porte e a computação pessoal em rede, constatou-se
na década de 80 a evolução vertiginosa dos microprocessadores, da
integração e miniaturização em larga escala de componentes eletrônicos, do
desenvolvimento de dispositivos de armazenamento de alta performance, da
concepção de programas eficientes e de fácil operação, e da consolidação da
tecnologia de redes de computadores, dentre outras inovações.
Se por um lado novos paradigmas de computação baseada em estações de
trabalho em rede estavam se formando na área de Tecnologia da Informação,
também por outro uma forte corrente, por vezes inconseqüente, em favor de
mudanças radicais em nome da redução de custos denominadas "downsizing" ou
"rightsizing", começaram a surgir em todos os segmentos de mercado.
Muitas dessas iniciativas lograram êxito, outras não, em razão das
peculiaridades e especificidades dos negócios que suportavam. Descobriu-se,
a duras penas, que tanto os mainframes como as redes de microcomputadores
tinham e têm o seu espaço garantido, e que o componente custo não pode ser
o direcionador único em um Planejamento Estratégico de TI. Mesmo assim, a
mudança foi positiva e abriu caminho para o aparecimento de alternativas no
complicado e fechado mercado de informática, na época baseado apenas nos
computadores de grande porte.
Da mesma forma, o monopólio criado em torno do mundo "Wintel" precisa e
deve ser quebrado, a fim de possibilitar às organizações a livre escolha
dentre diversas e diferentes soluções que melhor se adequem às suas
necessidades, e assim forneçam ou contribuam para que as empresas alcancem
as vantagens competitivas essenciais à sua sobrevivência.
O conceito de software livre se configura como uma alternativa consistente
para este fim, devendo-se considerar, no entanto, que "Software Livre" não
significa "Software Grátis", ou seja, são necessários investimentos em
soluções seguras e duradouras, a fim de não se colocar operações críticas
de uma empresa, como o seu sistema de faturamento ou de contas a
pagar/receber, sobre sistemas pouco confiáveis ou que, em um futuro
próximo, não tenham condições de evolução, migração ou disponibilidade de
suporte técnico qualificado.
O momento é de mudanças. No entanto, o desafio de abrir o mercado e libertá-
lo da dependência de alguns poucos provedores de tecnologia requer
iniciativa, criatividade, coragem para assumir riscos e determinação, mas
também requer responsabilidade, planejamento e competência dos executivos
de TI, que precisam estar muito bem alinhados com as tendências de mercado
e com as estratégias da corporação.
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